10.5.12

No Museu D'Orsay



Na minha infância de filha única, eu passava muito tempo na biblioteca do meu avô Sampaio que tinha lindos armários de madeira escura com portas envidraçadas, cheinhos de livros.
Ele era um homem culto e de interesses muito variados e, por isto, lá tinha de tudo: política, religião, história, literatura, humor, livros de direito (ele era juiz) e os meus preferidos, os livros de arte! Eu adorava ver as fotos. Ler estava fora do meu alcance porque a maioria deles não era escrita em português.
Poder um dia ver de perto aquelas obras era só um sonho. Naquele tempo, a Europa era muito mais longe de nós do que é hoje.

Mas, eu tive sorte! Em 1993, com quase 50 anos fui a Paris e pude realizar o meu sonho. Pena que o meu avô já tivesse morrido.
Lá, visitei o Museu D’Orsay e “revi” algumas daquelas obras de arte dos livros da minha infância. E foi em frente a uma delas que vivi, certamente, um dos momentos mais bonitos da minha vida.
Era difícil para mim acreditar que estava diante de um quadro pintado por Van Gogh, ele mesmo, Vincent Van Gogh! Foi uma emoção tão intensa, chorei de felicidade... E assim fiquei, em estado de graça, nem sei mais por quanto tempo.
Até que algo muito mágico aconteceu: me dei conta de que, naquele momento, eu ocupava o mesmo lugar no espaço que Van Gogh ocupou quando estava pintando aquela tela. Ele era uma pessoa como eu...
Foi uma emoção tão fantástica que cheguei a me sentir segurando o pincel e pintando aquela tela.
Sem exagero, naquele momento eu fui Van Gogh! 

p.s.- Foram os amigos Carlos Schmidt e Mary Toribio que tornaram possível a minha viagem a Paris. Serei eternamente agradecida aos dois!

2 comentários:

Unknown disse...

Minha querida: continua com o Blog e vamos investir no Diário da primeira Turma Experimental...A Lidia Ferreira mora no Rio?!Bjkas!
Cica

Maria Lucia disse...

Beijo, Araci!